Por: Anderson Borges
Introdução
A confissão de fé de Westminster em seu vigésimo
primeiro capítulo que trata sobre o culto religioso e do domingo, nos apresenta
a seguinte afirmação:
A luz da natureza mostra que há um Deus que tem
domínio e soberania sobre tudo; que é bom e faz bem todas a todos; e que,
portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido de todo
coração, de toda a alma e de toda a força; mas o modo aceitável de adorar o
verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo e tão limitado pela sua vontade
revelada, que não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos
homens ou sugestões de Satanás, nem sob qualquer representação visível ou de
qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras. (WESTMINSTER, 2007).
Ainda tratando do mesmo assunto supracitado a confissão de Westminster também nos diz:
O culto religioso deve ser prestado a Deus - Pai,
Filho e Espírito Santo – e somente a ele; não deve ser prestado nem aos anjos,
nem aos santos, nem a qualquer outra criatura; nem, depois da queda, deve ser
prestado a Deus pela mediação de qualquer outro, senão Cristo. (WESTMINSTER,
2007).
O princípio fundamental do culto reformado de
Westminster repousa nestas duas afirmações que acabamos de ler. O que podemos
extrair resumidamente destas é que o Culto deve ser prestado somente por meio
das Escrituras sagradas e que somente o Deus triuno é digno de receber a nossa adoração,
sem a mediação de nenhuma criatura, apenas por meio de Cristo.
O pensamento reformado de Westminster em
relação ao culto é bem simples. O conceito de culto geral dos reformados é que
o culto é prestado a Deus e a ele somente sem a mediação humana e guiado somente
pela Escritura. Porém cultuar a Deus de forma pura e simples é bastante
complicado, principalmente após a queda, onde todas as nossas faculdades
físicas e mentais foram manchadas pelo pecado, logo, o nosso culto também é
falho. Temos então o grande desafio de cultuar a Deus de forma aceitável
partindo de um coração pecador e egoísta.
Princípios fundamentais do culto de Westminster
A quem deve ser o culto
O objeto do culto reformado é e sempre será o
Deus triuno prescrito nas Escrituras sagradas. Quanto a este assunto, a Confissão
de Fé de Westminster nos diz o seguinte:
O culto religioso deve ser prestado a Deus o
Pai, o Filho e o Espírito Santo - e só a ele; não deve ser prestado nem aos
anjos, nem aos santos, nem a qualquer outra criatura; nem, depois da queda,
deve ser prestado a Deus pela mediação de qualquer outro senão Cristo.
(WESTMINSTER, 2005 p.169)
Conforme o conceito de Westminster o culto não
pode ser prestado a ninguém senão o Deus trino revelado nas Escrituras. Este
conceito está totalmente de acordo com o que a Palavra de Deus ensina em várias
passagens. Além disso, após a queda, que é o nosso caso, este culto não deve
ser prestado por intermédio de nenhum outro que não seja Cristo que é o único mediador
da aliança divina. No período medieval, a igreja dominante deixou-se levar por
princípios humanos e o culto passou a ser oferecido por intermédio de homens
não autorizados pelas Escrituras sagradas.
Os reformados, entendendo que o pensar da
igreja católica medieval estava desviado dos padrões estabelecidos pelas Escrituras,
buscaram modificar o culto que até então era oferecido a Deus, por um culto
puro e simples conforme proposto nas Escrituras. Estas nos ensinam o quanto
Deus é zeloso pelo seu culto, e podemos perceber isto no estabelecimento do primeiro
e segundo mandamentos relatados no livro de Êxodo:
Não terás outros deuses diante de mim. Não
farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos
céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás,
nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito
a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que
me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e
guardam os meus mandamentos. (Ex. 20.3-6).
Quanto a este assunto o teólogo Geerhardus Vos
comentando a pergunta 105 do catecismo Maior de Westminster nos diz o seguinte:
... Dividir a nossa devoção religiosa e dar
parte dela ao verdadeiro Deus que nos criou e parte a alguma outra pessoa ou
objeto de culto é extremamente ofensivo a Deus... Prestar culto a santos, anjos
e quaisquer outras criaturas por que: (a) Não foram eles que nos criaram e por
isso não têm direito à nossa devoção religiosa. (b) não foram eles que nos
redimiram do pecado, e por isso a nossa gratidão pela salvação não lhes é
devida, mas somente a Deus. (c) eles não são os mediadores entre Deus e nós,
por que só existe um único mediador: o senhor Jesus Cristo. Por isso todo e
qualquer culto religioso prestado a santos, anjos e quaisquer outras criaturas
subtrai inevitavelmente o culto e honra que são devidos exclusivamente a Deus.
(VOS, 2007, p.315, 326).
O reverendo Onézio também afirma:
A afirmação confessional de que o culto deve ser prestado exclusivamente
a Deus procedeu da necessidade, nos tempos da reforma, de estabelecer nítida
diferença entre o protestantismo emergente e o catolicismo dominante, não
somente quanto ao endereçamento da adoração, mas também, e principalmente, ao
teocentrismo monolátrico da fé reformada. Há um só Deus subsistente em três
pessoas igualmente divinas: Pai, Filho e Espírito Santo, em quem cremos e a
quem adoramos em espírito e em verdade. (FIGUEIREDO, p.218).
Podemos ver que o culto deve ser somente
prestado a Deus e a mais nenhum outro. E nem deve ser pela mediação de qualquer
pessoa ou criatura que não seja Cristo o único mediador entre Deus e os homens.
Portanto o culto jamais será aceitável se não for oferecido ao Deus verdadeiro
revelado nas santas Escrituras na mediação do Seu Filho.
Como deve ser conduzido o culto
O culto reformado diferente do que temos visto
em muitas denominações protestantes nos dias atuais, tem como princípio
regulador da sua adoração as Escrituras Sagradas. Para os reformados é
impossível oferecer um culto aceitável a Deus sem que este não seja conduzido
pela sua Palavra. Eis ai um princípio inegociável para os reformados, a
Confissão de Westminster nos diz que:
A luz da natureza mostra que há um Deus que tem domínio e soberania
sobre tudo, que é bom e faz bem a todos, e que, portanto, deve ser temido,
amado, louvado, invocado, crido e servido de todo o coração, de toda a alma e
de toda a força; mas o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído
por ele mesmo e tão limitado pela sua vontade revelada, que não deve ser
adorado segundo as imaginações e invenções dos homens ou sugestões de Satanás
nem sob qualquer representação visível ou de qualquer outro modo não prescrito
nas Santas Escrituras. (WESTMINSTER, 2005, p. 168).
Este conceito expresso pelos teólogos de Westminster mais uma vez se
mostram em perfeita harmonia com o ensino escriturístico, vejamos o evangelho
de João no capítulo 4:
Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a
salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai
procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores
o adorem em espírito e em verdade. (Jo 4.22-24).
Neste texto, conforme vimos no segundo capítulo deste trabalho Jesus
mostra que o modelo da antiga aliança está prestes a ser substituído por um
novo modo de adorar, o culto deve ser prestado em espírito e em verdade, ou
seja, deve partir de uma sincera disposição interior do ser humano e deve ser
baseado na verdade que é a Palavra de Deus. Qualquer outra forma estará
automaticamente descartada, pois, o princípio foi estabelecido pelo próprio
Deus por que deste é o culto, então quem somos nós para adorarmos ao Senhor de
outra forma? Ou será que as nossas idéias são melhores do que a de Deus? Ou
pensamos melhor que Deus?
Mais uma vez recorremos a Geerhardus
Vos que nos diz o seguinte:
Por que Deus é zeloso de Seu culto, isto é,
Ele não está disposto a nos deixar fazer o que bem quisermos quando se trata de
adorá-Lo. Deus é soberano, é supremo acima de todos, por isso somos obrigados a
obedecer Sua vontade e Ele tem revelado na Escritura que é o seu desejo ser
adorado estrita e unicamente conforme as Suas ordenanças, e não de outra forma
qualquer. (VOS, 2007, p.335).
O reverendo Onézio Figueiredo também nos acrescenta com a seguinte
afirmação:
O culto ao Deus revelado pelas Escrituras não é produto de invenção
humana, como acontecia com a idolatria ou iconolatria dos povos pagãos,
polilátricos por natureza... A lei possuía princípios gerais de comportamento,
sem especificar particularidades e circunstâncias. O culto, porém, foi dado com
minuciosidade de detalhes tanto na forma física do templo, na escolha e
especificação dos objetos sacros, na qualificação e indumentária dos
ministrantes sacerdotais, na seleção dos animais destinados aos sacrifícios,
como na operação dos ofícios litúrgicos ( Ex, caps. 25 a 30 ). Deus não quis
que o culto ficasse à mercê de preferências, desejos, escolhas e projetos humanos...
O culto, portanto, não pode fugir aos parâmetros estatuídos na Palavra de Deus,
pois não é realização humana, mas divina. (FIGUEIREDO, p. 216 – 217).
Para o pensamento reformado um culto que não seja guiado pela Palavra de
Deus, nunca em qualquer tempo ou época será aceito por Deus, não porque os
reformados determinaram que assim fosse, mas porque a Bíblia nos ensina este
princípio de forma muito transparente.
Os elementos do culto
O culto oferecido no Novo Testamento, apesar
de estar mais “livre” quanto às questões ritualísticas do Antigo Testamento,
aquele não é oferecido de forma aleatória, ele segue uma ordem, uma liturgia.
As Escrituras nos trazem elementos que eram utilizados nas reuniões da Igreja
neotestamentária que regiam o culto comunitário. O modelo litúrgico apresentado
por Westminster nos mostram cinco elementos que faziam parte do culto público
segundo as Escrituras, são eles: leitura da Bíblia, pregação da Palavra,
oração, cânticos e administração dos sacramentos.
Leitura da Bíblia
A leitura do Antigo Testamento, nas reuniões
da Igreja primitiva, nunca é mencionada de forma direta, mas apenas
indiretamente. Mas, se a leitura do Antigo Testamento, não diretamente
referida, o extenso uso e citação do mesmo no Novo Testamento, o conhecimento que
os crentes primitivos demostravam ter daquelas Escrituras, bem como durante o
período pós-apostólico, e nos escritos dos pais da igreja, nos faz crer que o
Antigo Testamento era tão lido e estudado quanto o Novo Testamento. O alto
valor conferido pelos primeiros cristãos às Escrituras é outro fato que precisa
ser considerado. Assim, a leitura do Antigo Testamento, e cada vez mais, do
Novo Testamento, certamente era uma porção constitutiva da adoração cristã
primitiva.
No culto reformado seleciona-se os textos Bíblia adequados a cada
momento da liturgia, o mesmo pode ser lido pelo dirigente, quando se tratar de
textos proclamatórios, imperativos ou exortativos. Alternadamente quando um
versículo é lido pelo dirigente e o seguinte pela comunidade; e assim,
sucessivamente. Ou de pode ser lido de forma responsiva: O dirigente lê um
texto (com um ou vários versículos), e a comunidade responde com outro. Pode,
por exemplo, o dirigente ler um salmo e a congregação responder com a leitura
de outro. Esta leitura responsiva pode ser também do mesmo texto em que uma
parte pergunta ou afirma e a outra responde. Exemplos: Salmo 136, em que o
dirigente lê a primeira parte do versículo e a comunidade responde com a
segunda. O mesmo se pode fazer com Mt 5. 1-12. Não se deve confundir “leitura
responsiva” com “leitura alternada”, que ocorre com versículos consecutivos ou
sucessivos. Em muitos casos usa-se a leitura uníssona, esta é feita pelo
dirigente e a comunidade concomitantemente. Neste caso, e para que a comunidade
inteira participe, e a leitura seja realmente uníssona, deve-se adotar uma
única versão das Escrituras para a Igreja toda.
Pregação da Palavra
Em contraste com a leitura da Bíblia, o ato de
pregar é solidamente confirmado no Novo Testamento. Em Corinto, por exemplo,
transparece a pregação sob a forma de exortação. Seguindo o exemplo deixado
pelo Senhor Jesus; e ante a necessidade de evangelizar, de instruir e edificar,
o ministério da Palavra sem dúvida era incluído em todos os encontros dos
cristãos. Os apóstolos foram chamados especificamente para o ministério da
Palavra conforme o registro no livro de Atos no capítulo 6. Após este período
aprende-se que os pastores deveriam ser aptos para ensinar conforme 2 Tm 3; 2.
Assim a pregação combinava vários aspectos da adoração, a saber: a declaração
das obras de Deus, a confissão de fé, a oração subjacente a todas as atividades
dos cristãos, o clímax atingido nos louvores e etc. Embora essa pregação não
fosse exclusivamente expositiva, a maior parte era feita desta forma. Entre os
cristãos gentios, especialmente, muita informação precisava ser transmitida a
eles através da pregação da Palavra, pois, entre aqueles não havia a mesma
familiaridade com as Escrituras como os crentes judeus tinham.
A prédica jamais deixou de ocupar papel de
destaque nas reuniões dos cristãos evangélicos através dos séculos. Todo
período de reavivamento espiritual é antecedido por intensa e firme pregação do
Evangelho.
Eis ai um princípio ao qual os reformados nunca abrem mão, a fiel
pregação da Palavra de Deus. A pregação tem de ser estritamente da Palavra de
Deus, conformada com a teologia bibliocêntrica dos nossos símbolos de fé. A
mensagem bíblica é cristocêntrica por natureza, pois Cristo é o centro das
Escrituras. A pregação não deve ser alegórica nem recheada de frases
humorísticas, historietas inverídicas, lendas e mitologias. Analogias e
comparações com fatos da vida real são permissíveis, desde que usadas com
critério e bom senso. O pregador precisa ser um bom hermeneuta e um eficiente
exegeta da sacra revelação.
Oração
A oração no sentido mais específico de
petição, naturalmente era um dos elementos mais básicos da adoração cristã
primitiva. Entre a ascensão do Senhor e o derramamento do Espírito, a Igreja
recebeu ordens para dedicar-se à oração cheia de expectação. As perseguições
sofridas também levaram os crentes a caírem de joelhos diante do Senhor. E
todas as necessidades que foram surgindo também proveram motivo e material para
intercessão. Todavia não há nenhuma descrição de como essas orações eram
feitas. Talvez um líder orasse por todos ou indivíduos orassem um por vez. O
que é surpreendente é que não há qualquer menção da recitação da oração do Pai
Nosso, o que parece indicar que os cristãos primitivos usavam orações
espontâneas, e não fórmulas fixas. O “amém” devido ao exemplo dado pelo Senhor
Jesus, adquiriu um sentido ainda mais profundo do que tinha no Antigo
Testamento. As “Bênçãos” também se fizeram presentes desde o começo, conforme
vemos em 2 Co 13.14 e Ap 22.21. E as epístolas testificam o aparecimento de um
distinto vocabulário cristão, nas orações. O que é importante não esquecer é
que essas orações eram consideradas parte integrante da adoração
neotestamentária, o que não sucedia no Antigo Testamento.
Na igreja reformada, durante o culto, as orações
são feitas em voz uníssona, pronunciando com a alma, o coração e a mente lembrando
que as suas palavras estão sendo colocadas nos lábios da comunidade pelo Senhor.
Quando a Igreja ora a oração que Jesus ensinou, o Espírito Santo vitaliza e
sentimentaliza cada petição, inserindo-as na realidade vital do povo de Deus e
de cada um de seus membros. Na liturgia comunitária, ora-se pelo pronunciamento
de um de seus membros; ele, no momento da prece, é a “boca” da comunidade, que
responde com o assentimento e a aprovação do “Amém” coletivo.
A oração comunitária, diferentemente da
individual, enquadra-se nas partes do culto: Adoração, confissão, perdão,
gratidão, louvor, consagração, intercessão ou súplica. Uma das marcas da oração
reformada é a profunda reverência postural de quem ora e de quem acompanha, bem
como dos termos e linguagem oracionais da pessoa que a pronuncia. Conversar com
Deus, o Pai celeste, requer mais respeito e solenidade que falar com um
Ministro do Supremo Tribunal.
Cânticos
Muitos hinos cristãos e cânticos espirituais
louvam a Deus. Paulo alude ao cântico de Salmos, durante a adoração, em uma de
suas epístolas aos Coríntios, e a hinos e cânticos espirituais em Efésios 5.19.
Os estudiosos têm percebido possíveis fragmentos de hinos primitivos cristãos
em trechos como Filipenses 2.6 ss e 1 Timoteo 3.16. Os hinos constantes no
apocalipse mostram que tanto na adoração terrestre quanto na adoração celeste
são entoados hinos de louvor, embora outros pensem que Apocalipse 4 e 5 podem
estar baseados na adoração da congregação. É bem possível que o saltério fosse
o hinário da igreja primitiva.
O Rev. Herminsten Maia na sua obra “o
culto cristão na perspectiva da Calvino: uma análise introdutória” nos diz
que “para os reformadores, o cântico tem
um grande apelo didático, objetivando, inclusive, a fixação das Escrituras”.
A música não pode ser esquecida durante o culto, e a sua execução não
pode ser desequilibrado ao ponto do culto ser afetado em seu conteúdo. Tanto no
A.T. como no N.T., a música esteve presente no culto de Israel e da Igreja
primitiva (Nm 10:1-10; Jz 7:22; Jô 38:7; Ef. 5:19; 1 Tm 3:16; At 16:25). Não é
por acaso que o maior livro da Bíblia é um hinário (Salmos).
Administração dos sacramentos
O
senhor Jesus instituiu dois sacramentos na nova aliança, a Ceia e o Batismo.
Ambos desde o tempo da igreja primitiva foram entendidos como elementos
constituintes do culto cristão, e os reformados assim também entenderam. Há uma
exceção apenas no Batismo, pois este é administrado apenas uma vez sem a
necessidade de repetição.
Batismo
No Antigo Testamento, embora
a recitação do “Ouve, ó Israel..” fosse um mandamento, também servia de
confissão de fé: o Senhor, nosso Deus, é uma unidade. Por essa razão, o shema
achou caminho até a adoração nas sinagogas. Todavia, tal recitação não
encontrou eco na Igreja primitiva. E a razão disso não é que essa confissão
básica tivesse sido abandonada, mas antes, é que agora fora adicionada a
confissão distintamente cristã: Jesus é o Senhor, ou seja, é Yahweh. A fé da
Igreja primitiva era a fé em Jesus como Salvador e Deus. Pedro fez essa
afirmação primária em Mt. 16:16. E isso pode ser visto novamente na confissão de
Tomé em Jo 20:28.
O evangelho de João foi escrito tendo em vista
mostrar exatamente esse fato conforme Jo 20:31. A obra do Espírito Santo faz
com que os crentes afirmem e confessem que Jesus é o Senhor (I Cor. 12:3).
Finalmente, essa verdade será reconhecida em todas as línguas (Fl. 2:11). Sobre
essa crença repousa a plena confissão do Deus triúno (Mt. 28:19). Essa crença é
especificamente confessada por ocasião do batismo em água, o qual pode ser
ministrado em nome de Jesus (At. 2:38). O eunuco professou fé no Senhor (At.
8:37). Cornélio foi batizado em nome de Jesus (At. 10:48). O carcereiro
filipense foi batizado quando creu no Senhor e foi salvo (Atos 16:30 ss).
Ceia do Senhor
Não somente o batismo, mas
especialmente a Ceia do Senhor, constituíam adendos à adoração nas sinagogas.
Tanto os escritos do Novo Testamento como o testemunho patrístico mostram que a
Ceia fazia parte integrante da adoração cristã primitiva, semana após semana. Cada
reunião dos cristãos incluía não somente oração, louvor, leitura das Escrituras
e pregação, mas também uma santa refeição com a celebração da Ceia. A Ceia do
Senhor veio substituir não somente a páscoa, mas também as ofertas do templo.
Por essa razão é que uma linguagem própria dos sacrifícios veio a ser usada em
relação à Ceia. Todavia, não há apenas um elemento de substituição. A Ceia do
Senhor tanto rememora o grande e único sacrifício de Cristo pelos pecados, para
sempre, como também anuncia a sua segunda vinda (Ver I Cor. 11:26).
Conclusão
Entendemos
que o culto reformado na perspectiva de Westminster é sem dúvida a melhor forma
de cultuar a Deus. Não que ele seja perfeito (por que onde há humanidade há
imperfeição), mas sim por que o modelo confessional busca um culto
teocêntrico e dirigido pelas Escrituras, não busca novidades no intuito de
agradar os fieis. Por que os reformados entendem que o culto é
de Deus e por isso Ele é que deve receber todo o nosso louvor. Nós somos
abençoados no culto por misericórdia divina em resposta a nossa adoração. Na
visão de Westminster o culto não é um espetáculo onde nós somos espectadores
que precisam ser entretidos, muito pelo contrário, nós é que devemos buscar
agradar a Deus o máximo possível.
E
por fim, estamos vivendo em dias em que muitas igrejas têm adotado práticas que
não encontram apoio nas Escrituras em busca de não ver os salões dos templos
vazios ou com pouca gente. Infelizmente o “sucesso” do ministério pastoral é medido pelo número de pessoas e não pela fidelidade a palavra de Deus. O
sistema de culto defendido pelos símbolos de fé de Westminster não pretendem
encher os templos das igrejas, porém, aqueles que o adotam terão a certeza de que
oferecerão um culto saldável para a igreja e agradável ao Senhor.
Soli Deo glória!
Texto extraido da minha monografia: " O Culto Cristão Reformado na Perspectiva de Westminster".
Soli Deo glória!
Texto extraido da minha monografia: " O Culto Cristão Reformado na Perspectiva de Westminster".
Graça e paz. Excelente. Se for possível enviar sua monografia no meu e-mail. Estou uma parte divulgando no boletim da minha igreja. Dei o credito ao amado pastor. Deus abençoe!
ResponderExcluirOlá. Desculpa a demora. Me manda seu e-mail que te envio. De qual igreja vc é?
ExcluirMuito bom.
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